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Vox, de Christina Dalcher

13 novembro 2018


Vox foi o grande lançamento da Editora Arqueiro do mês de outubro, chegando ao país como uma grande promessa de ser o novo “O Conto da Aia”, romance que ficou conhecido no mundo todo após o grande sucesso que o seriado baseado na obra gerou. Aqui no blog você encontra uma postagem muito legal sobre o livro e o seriado.

Dito isso, e sabendo que a leitura de “O Conto da Aia” é realmente impressionante (assim como o seriado), acho que fica fácil imaginar o motivo da minha animação com essa nova promessa. E também se você acompanha outros blogs e canais literários, já deve ter visto alguma resenha sobre esta obra - e provavelmente uma resenha muito boa. Eu mesma vi várias, o que só me deixou ainda mais animada para a leitura. Porém, minhas expectativas não foram atendidas e vou contar aqui o porquê.
Os filmes são uma distração, a única vez em que ouço vozes femininas sem limitação de palavras. As atrizes têm uma autorização especial quando estão trabalhando. Suas falas, claro, são escritas por homens. (P. 21)
O livro tem, sim, muitos pontos fortes. A premissa é muito interessante, a narrativa é bastante fluída, com capítulos curtos e objetivos, o que faz da leitura bem ágil. Temos personagens bem fortes e decididos. Porém, para mim, os pontos negativos se sobressaem. 

O principal motivo de eu não ter gostado tanto da história é que, para mim, toda a mudança que acontece no livro, sobre como as mulheres acabam tendo apenas 100 palavras por dia, não foi bem justificada, logo, não me convenceu. Livros como “O Conto da Aia”, “1984” e “Admirável Mundo Novo” são distopias que nos tocam e nos assustam justamente por sua justificativa. Por nos aproximarem da história e nos fazerem sentir que aquilo poderia acontecer conosco, mas não foi o que senti com “Vox”. Eu também não me identifiquei com a personagem. Ela é uma doutora, mãe e pesquisadora, uma mulher realmente incrível, e é uma personagem muito real e cheia de falhas, como todos nós seres humanos naturalmente somos, ainda assim não me senti próxima a ela. Esses motivos, para mim, foram mais do que suficientes para a leitura do livro não ser tão extraordinária.
Tento me convencer de que não é minha culpa. Eu não votei no Myers.
Na  verdade, eu não fui votar.
E aqui está a voz de Jackie de novo, dizendo que sou uma merda complacente. (P. 97)
Da metade do livro em diante temos mais ação, surge uma resistência contra o governo e acontecem eventos muito interessantes, mas novamente, mais pro final da história a autora se perde e a história acaba de uma maneira não muito interessante.

Ainda assim, ficarei de olho nos próximos lançamentos de Christina Dalcher, porque acho que ela ainda nos trará grandes histórias. Esse é apenas seu romance de estreia. Para uma autora habituada e premiada por contos, entendo que é uma transição difícil, mas tenho certeza de que ainda vou ler alguma história da autora que me impressionará muito.
- A culpa não é sua.
Mas é. E minha culpa não começou quando assinei o contrato de Morgan na quinta-feira. Minha culpa começou há duas décadas, na primeira vez em que não votei, nas vezes incontáveis em que disse a Jackie que estava ocupada demais para ir a uma das suas passeatas, fazer cartazes ou ligar para meus congressistas. (P. 215)

5 Distopias que você precisa ler!

12 julho 2018



Olá, leitores! Hoje vou falar um pouco sobre algumas distopias que considero essenciais para os amantes do gênero. Dessa forma, elaborei um Top 5 dos melhores títulos distópicos que já li e que pretendo ler. 

Para quem não sabe, esse gênero se baseia nas estruturas sociais, onde se reforça o lado negativo de uma civilização apresentada como ideal. Demonstrando a desigualdade e problemas sociais promovidos geralmente por um poder autoritário e opressor, que visa manipular e alienar pessoas.

Além disso, é possível perceber uma estrutura comum da distopia na literatura, onde se tem geralmente um governo corrupto que utiliza diversos mecanismos para controlar a população e a partir desse contexto, a história enfatiza um indivíduo que passa por uma tomada de consciência, percebendo todos os problemas sociais ao seu redor. Assim, o personagem principal junto a seus aliados luta contra esse sistema, em busca de uma ''libertação''.

Vale ressaltar que muitas distopias clássicas se tornaram populares e influenciaram diretamente livros aclamados pelo público jovem, como por exemplo, a trilogia Jogos Vorazes e Divergente. Dessa maneira, procurei elencar algumas obras que considero mais importantes para a literatura distópica.

Cinco distopias clássicas que você precisa ler: 

1- 1984, George Orwell.

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Publicada em 1949, o contexto da história se passa a partir de um sistema totalitário governado pelo ''Grande Irmão''. Esse líder é considerado como um Deus pela população, ele controla tudo e todos através de um aparelho denominado teletela, que visa observar e transmitir notícias para os cidadãos. 
É nesse contexto que conhecemos Winston, um rapaz que odeia o partido, mas depende deste, pois trabalha em um ministério do governo com a função de alterar o passado, ou seja, ao sair uma notícia onde os dados não batem com algo que o Grande Irmão disse em um passado remoto ou não, os jornais são alterados. Winston, enquanto vive pressionado a aceitar o sistema vigente, acaba por, intimamente, se rebelar contra ele e, ao conhecer Julia, por quem se apaixona, ambos partem em uma revolta secreta contra o Partido, unidos pelo amor entre si e pelo desejo de liberdade.
Li o livro recentemente, já tinha conferido outras obras de Orwelll, mas essa com certeza é a melhor e mais impactante. 

2- Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley.

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''Ano 634 df (depois de Ford). O Estado científico totalitário zela por todos. Nascidos de proveta, os seres humanos (pré-condicionados) têm comportamentos (pré-estabelecidos) e ocupam lugares (pré-determinados) na sociedade- os alfa no topo da pirâmide, os ípsilons na base. A droga soma é universalmente distribuída em doses convenientes para os usuários. Família, monogamia, privacidade e pensamento criativo constituem crime. Os conceitos de 'pai' e 'mãe' são meramente históricos. Relacionamentos emocionais intensos ou prolongados são proibidos e considerados anormais. A promiscuidade é moralmente obrigatória e a higiene, um valor supremo. Não existe paixão nem religião. Mas Bernard Marx tem uma infelicidade doentia- acalentando um desejo não natural por solidão, não vendo mais graça nos prazeres infinitos da promiscuidade compulsória, Bernard quer se libertar. Uma visita a um dos poucos remanescentes da Reserva Selvagem, onde a vida antiga, imperfeita, subsiste, pode ser um caminho para curá-lo.'' (Sinopse)
Admirável mundo novo é um dos livros mais incríveis que já tive a oportunidade de ler, foi o meu primeiro contato com a literatura distópica e provavelmente o meu favorito.


3- Fahrenheit 451, Ray Bradbury. 

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''Escrito após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1953, 'Fahrenheit 451', de Ray Bradubury é um texto que condena não só a opressão anti-intelectual nazista, mas principalmente o cenário dos anos 1950, revelando sua apreensão numa sociedade opressiva e comandada pelo autoritarismo do mundo pós-guerra. O livro se propõe a descrever um governo totalitário, num futuro incerto, mas próximo, que proíbe qualquer livro ou tipo de leitura, prevendo que o povo possa ficar instruído e se rebelar contra o status quo. Tudo é controlado e as pessoas só têm conhecimento dos fatos por aparelhos de TVs instalados em suas casas ou em praças ao ar livre. A leitura deixou de ser meio para aquisição de conhecimento crítico e tornou-se tão instrumental quanto a vida dos cidadãos, suficiente apenas para que saibam ler manuais e operar aparelhos.'' (Sinopse)
Confesso que essa obra é para mim, a mais desejada atualmente. Já conhecia o título, mas ainda não tive a oportunidade de ler. Recentemente assisti a adaptação cinematográfica e me surpreendi bastante, desde então, estou ansiosa para essa leitura.


4- O Conto de Aia, Margaret Atwood.


Resultado de imagem para o conto de aia foto livro''A história de 'O conto da aia' passa-se num futuro muito próximo e tem como cenário uma república onde não existem mais jornais, revistas, livros nem filmes - tudo fora queimado. As universidades foram extintas. Também já não há advogados, porque ninguém tem direito a defesa. Os cidadãos considerados criminosos são fuzilados e pendurados mortos no muro, em praça pública, para servir de exemplo enquanto seus corpos apodrecem à vista de todos. Nesse Estado teocrático e totalitário, as mulheres são as vítimas preferenciais, anuladas por uma opressão sem precedentes. O nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América. As mulheres de Gilead não têm direitos. Elas são divididas em categorias, cada qual com uma função muito específica no Estado - há as esposas, as marthas, as salvadoras etc. À pobre Offred coube a categoria de aia, o que significa pertencer ao governo e existir unicamente para procriar. Offred tem 33 anos. Antes, quando seu país ainda se chamava Estados Unidos, ela era casada e tinha uma filha. Mas o novo regime declarou adúlteros todos os segundos casamentos, assim como as uniões realizadas fora da religião oficial do Estado. Era o caso de Offred. Por isso, sua filha lhe foi tomada e doada para adoção, e ela foi tornada aia, sem nunca mais ter notícias de sua família. É uma realidade terrível, mas o ser humano é capaz de se adaptar a tudo. Com esta história, Margaret Atwood leva o leitor a refletir sobre liberdade, direitos civis, poder, a fragilidade do mundo tal qual o conhecemos, o futuro e, principalmente, o presente.'' (Sinopse)

Confesso que só li essa obra devido a aclamada série “The Handmaid’s Tale” que é baseada nesse livro incrível. O Conto de Aia é uma obra que com certeza irá te deixar desconfortável e fazer com que se reflita sobre diversos temas que ainda são muito atuais.
Se quiser saber mais detalhes sobre o livro e a série Clique Aqui

5- Laranja Mecânica, Anthony Burgess.
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''Narrada pelo protagonista, o adolescente Alex, esta brilhante e perturbadora história cria uma sociedade futurista em que a violência atinge proporções gigantescas e provoca uma reposta igualmente agressiva de um governo totalitário. A estranha linguagem utilizada por Alex - soberbamente engendrada pelo autor - empresta uma dimensão quase lírica ao texto. Ao lado de '1984', de George Orwell, e 'Admirável Mundo Novo', de Aldous Huxley, 'Laranja Mecânica' é um dos ícones literários da alienação pós-industrial que caracterizou o século XX. Adaptado com maestria para o cinema em 1972 por Stanley Kubrick, é uma obra marcante: depois da sua leitura, você jamais será o mesmo.'' (Sinopse)
Laranja Mecânica é um clássico do cinema. O filme é cheio de simbolismos, fato pelo qual se torna ainda mais interessante. Entretanto, tive dificuldades para lê-lo, que na minha opinião tem uma narrativa um tanto quanto densa. Mas isso não me impediu de adorar a obra e considerá-la como uma das minhas favoritas.

O Conto da Aia, de Margaret Atwood

06 novembro 2017




A menos que você viva em um local muito recluso da internet, acredito que já tenha ouvido falar sobre “O Conto da Aia” ou “The Handmaid’s Tale”. E se você ainda não leu e/ou ainda não viu o seriado do ano, eu te aconselho a fazer isso o mais rápido possível! Mas, se por acaso você realmente não sabe do que estou falando, é o seguinte: “O Conto da Aia” é uma distopia escrita por Margaret Atwood original de 1985, mas se eu não soubesse disso poderia dizer que era um lançamento novíssimo em primeira impressão do mês passado. Aqui vou dar minhas impressões sobre o livro e fazer alguns paralelos também com o seriado, visto que já tive contato com os dois e achei ambas as obras muito boas.



Nesta distopia, há um problema grave de infertilidade entre as mulheres americanas. A fim de resolver este problema (ou simplesmente usando-o como desculpa), é instaurado um Estado teocrático totalitário através de um golpe de estado, onde a Constituição é “temporariamente” suspensa e o país passa a ser chamado de “República de Gilead”. Com a Constituição suspensa, o novo documento que rege a vida e as leis da sociedade passar a ser a Bíblia. A partir disso você já pode imaginar como a sociedade e a vida, especialmente das mulheres, melhorou muito! Só que não.

Como outras coisas agora, os pensamentos devem ser racionados. Há muita coisa em que não é produtivo pensar. Pensar pode prejudicar suas chances, e eu pretendo durar. (p. 16)


O planejamento e execução do golpe de estado foi dos “Filhos de Jacob”, que posteriormente passaram a se chamar “Comandantes”, homens com alto cargo social dentro dessa nova era. Também existem os Olhos, que são como a polícia desse novo regime. E os Anjos, que são a força militar que luta nas frentes de guerra. Também existem algumas classes entre as mulheres. Temos as Esposas, que são as mulheres dos Comandantes. As Marthas, que são mulheres que cuidam da casa, ou seja, as empregadas domésticas. Temos as Tias, mulheres responsáveis por “treinar” e cuidar das Aias. E as Aias, que são mulheres jovens e férteis que têm como finalidade (não digno “objetivo” porque elas não têm escolha) gerar filhos para o Comandante e a Esposa. E temos também as Econoesposas, que são esposas de classe mais baixa mas são abordadas apenas no livro.





Baseando-se em uma passagem bíblica (Gênesis, 30:1-3), as famílias responsáveis pelas Aias acompanham seu ciclo menstrual e em seus dias férteis realizam o que chamam de “Cerimônia”. Esse ritual começa com todos os empregados, a Aia e o casal reunidos em um cômodo da casa para rezar. Após isso, o casal e a Aia vão para o quarto, onde a Aia deita entre as pernas da Esposa para que o Comandante execute o ato sexual na Aia. A reza antes do ato e a presença da Esposa são justificadas como para tornar o ritual sagrado. Mas você também pode chamar isso tudo de estupro que é a mesma coisa.

Para qual de nós duas é pior, para ela ou para mim? (p. 117)


A história é narrada em primeira pessoa do ponto de vista de uma dessas Aias. Em momento algum é confirmado seu nome “de antes”, que é como chamam os tempos antes da República de Gilead, mas no seriado o nome adotado para ela é o de June. Nome que também é citado no livro, mas não é direcionado a ninguém em específico.





Aliás, isso é outra coisa que as Aias perdem: seus nomes próprios. Por exemplo, nossa narradora é chamada de “Offred”, porque o nome de seu comandante é Frederick (fato que também é só confirmado no seriado, no livro isso não fica claro). Ou seja, ela é “do Fred”. E quando a Aia vai para a casa de um novo Comandante, muda também a maneira como é chamada.

Esta mulher tem sido minha parceira há duas semanas. Não sei o que aconteceu com a outra, a anterior. Um belo dia, ela simplesmente não estava mais lá, e esta aqui estava em seu lugar. (p. 29)


Porque as Aias são temporárias. Elas ficam em uma casa até gerarem um bebê, fazerem o parto e amamentarem a criança. Após isso, ele fica com o Comandante e a Esposa e a Aia vai para a próxima casa, passar por tudo de novo. E nunca mais têm contato com as crianças que geraram.

Dá-me filhos, ou senão eu morro. Há mais de um significado para isso. (p. 75)




Achei muito interessante como no livro temos algumas lembranças da narradora com sua mãe, que era uma pessoa muito jovial e feminista ativa, que participava de debates e protestos, mas mesmo com esse exemplo feminino, nossa narradora mostrou ser alguém tranquila e até indiferente às lutas femininas antes de tudo acontecer. Porém, depois de tornar-se Aia, ela se viu obrigada a ser a pessoa forte e a lutar por cada dia, mesmo nunca tendo sido esse tipo de pessoa antes.

Eu a quero de volta. Quero tudo de volta, da maneira como era. Mas não adianta, não tem nenhum objetivo, esse querer. (p. 149) 

A maneira como é feita essa transição após o golpe de estado, com as mulheres perdendo seus direitos, pessoas tentando fugir do país, e essa tomada de poder gradual e suas consequências são bem explicadas tanto no livro quanto no filme. Mas não vou contar mais nada a partir daqui para não estragar a história. 



Vale mencionar também que vários pontos do livro podem ser comparados a outra distopia clássica: “1984”, de George Orwell. A Polícia do Pensamento, o Duplipensar e o clima cinzento da história de Orwell foram influências claras no romance de Atwood. Obviamente, isso não é de nenhuma forma um demérito a “O Conto da Aia”, já que qualquer distopia escrita depois de 1948 bebe de uma forma ou outra desta fonte.







O seriado, produzido pelo serviço de streaming americano Hulu, foi uma adaptação impecável. Souberam dosar muito bem onde e quais mudanças fazer - coisa rara em algum roteiro adaptado de obras literárias - para deixar a história ainda melhor e mais interessante. Além de a história no seriado se passar na atualidade, os figurinos são impecáveis. Com quadros de câmera, paleta de cores, roteiro e trilha sonora, tudo muito bem pensado nos mínimos detalhes. 



E você, leitor, já conhecia a história? O que achou? E se não, vá logo resolver isso e depois volte pra nos contar!
Rezo silenciosamente: Nolite te bastardes carborundorum. Não sei o que significa, mas me soa correto, apropriado, e terá que servir, porque não sei mais o que dizer a Deus. Não agora. (p. 111)



ISBN-10: 8532520669
Ano: 2017
Páginas: 368
Idioma: Português
Editora: Rocco
Gênero: Literatura estrangeira, distopia, ficção
Nota: 5/5

A série foi vencedora nas seguintes categorias do Emmy deste ano:

  • Melhor Série Dramática
  • Melhor atriz em série dramática: Elisabeth Moss
  • Melhor atriz coadjuvante em série dramática: Ann Dowd
  • Melhor atriz convidada em série dramática: Alexis Bledel
  • Melhor direção em série dramática: Reed Morano, pelo episódio "Offred"
  • Melhor roteiro em série dramática: Bruce Miller, pelo episódio "Offred"