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| RESENHA #137 | CONFISSÕES DO CREMATÓRIO, CAITLIN DOUGHTY

19 janeiro 2017

ISBN-10: 8594540000
Título: Confissões do Crematório 
Autora: Caitlin Doughty 
Ano: 2016
Páginas: 260
Idioma: Português
Editora: DarkSide
Gênero: Autobiografia, não-ficção
Nota: 4/5

Sinopse: Ainda jovem, Caitlin conseguiu emprego em um crematório na Califórnia e aprendeu muito mais do que imaginava barbeando cadáveres e preparando corpos para a incineração. A exposição constante à morte mudou completamente sua forma de encarar a vida e a levou a escrever um livro diferente de tudo o que você já leu sobre o assunto. Confissões do Crematório reúne histórias reais do dia-a-dia de uma casa funerária, inúmeras curiosidades e fatos filosóficos, históricos e mitológicos. Tudo, é claro, com uma boa dose de humor. Enquanto varre as cinzas das máquinas de incineração ou explica com o que um crânio em chamas se parece, ela desmistifica a morte para si e para seus leitores. O livro de Caitlin – criadora da websérie Ask a Mortician – levanta a cortina preta que nos separa dos bastidores dos funerais e nos faz refletir sobre a vida e a morte de maneira inteligente, honesta e despretensiosa – exatamente como deve ser. Como a autora ressalta na nota que abre o livro, “a ignorância não é uma bênção, é apenas uma forma profunda de terror”. 

Confissões do Crematório nos traz a história de vida de Caitlin Doughty, uma jovem de 32 anos que é um tanto mórbida. Desde de muito cedo a jovem desenvolveu uma fascinação pela morte. Tudo começou ao ver uma garotinha despencando de mais de dez metros de um dos andares de um shopping center. Foi quando a jovem foi realmente apresentada a para a morte. Já na faculdade, Caitlin buscava constantemente estudar a respeito disso, mergulhando na história medieval e estudando todos os aspectos relacionados a mortalidade.

Ao contrário da grande maioria, o emprego dos sonhos da jovem é voltado à morte. E desde então, ela abandonou sua área de atuação e foi em busca de um emprego na indústria funerária norte-americana. Caitlin tirou a sorte grande ao conseguir um emprego na Westwind Cremation & Burial – em São Francisco – mesmo sem experiência na área. E é a partir de então que a jovem nos relata acontecimentos relacionados ao seu cotidiano dentro do crematório, fatos que nós meros mortais, sequer imaginamos, pois preferimos acreditar que nossos entes queridos aparecem da forma que os vemos dentro do caixão, sem sequer passar por qualquer procedimento até chegar ali. 

Sem poupar seus leitores dos mínimos detalhes, a autora traz em seu livros detalhes de como é realizado um embalsamamento, o processo de cremação – em adultos, bebês e até mesmo em apenas membros de um corpo – e também, a busca dos corpos em residências e hospitais. Digamos que não é um livro para quem tem estômago fraco, já que a autora tenta trazer aos seus leitores até mesmo uma aproximação ao cheiro e coloração de um cadáver em decomposição.

''Por mais que a tecnologia possa ter se tornado nossa mestra, precisamos apenas de um cadáver humano para puxar a âncora do barco e nos levar de volta para o conhecimento firme de que somos animais glorificados que comem, cagam e estão fadados a morrer. Não somos nada mais do que futuros cadáveres.''

Como se não bastasse, a autora nos traz muitos momentos de reflexão, questionando a nossa visão em relação a morte, tudo isso com grande embasamento em fatos científicos e históricos – que foram coletados durante seis anos antes de começar a escrever o livro. Como por exemplo, uma aldeia indígena no Brasil que tinha o costume de comer seus entes queridos como um processo de aceitação da morte. 

Confesso que ao começar a leitura esperava uma coisa completamente diferente de Confissões do Crematório. Acreditava que seria somente um livro com diversos acontecimentos relacionados ao cotidiano de uma jovem em um crematório. Porém, a autora nos traz muito mais do que isso. O real objetivo do livro é apresentar aos seus leitores o quanto a indústria funerária ''maquia'' a morte, fazendo com que uma coisa que deveria ser normal torne-se um tabu, algo que deve ser ao máximo minimizado. 

''A morte é o motor que nos mantém em movimento, que nos dá motivação para realizar, aprender, amar e criar.''

A DarkSide nunca nos decepciona, não é mesmo?! Essa edição ficou simplesmente incrível, eu adorei tudo a respeito dela, cada mínimo detalhe. Acredito que tudo nela combinou com o tema tratado no livro. Sem dúvidas, é um dos livros mais bonitos que tenho na minha estante. 

Devo dizer que é com muita dificuldade que escrevi esta resenha, desde que há muito para refletir a respeito da leitura. Bom, a recomendo para quem deseja ter uma visão diferente sobre a morte, abandonar as amarraras da sociedade e conseguir aproveitar a vida sem o constante medo da morte. 
Comentários
11 Comentários

11 comentários :

  1. Oi, Mari!
    As edições da DarkSide são mesmo muito lindas!
    O livro é baseado em fatos reais?? :O Achei que fosse apenas ficção. Não sei se eu conseguiria ler o livro, mas acho super bacana que a editora traga sempre um material diferente para seu catálogo.
    Beijão!
    http://www.lagarota.com.br/
    http://www.asmeninasqueleemlivros.com/

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  2. Olá
    Eu tinha essa mesma pespectiva que você teve sobre esse livro, mas a diferença é que você leu o livro e eu não kkk. Tenho muita curiosidade de ele a obra pois queria sabe raso sobre esse cotidiano de quem trabalha nessa área tão estranha (para mim) Enfim, esses trabalhos da Dark são uns show mesmo. Até mais ver

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  3. Olá,

    Mesmo com críticas muito boa, nunca me senti atraída por esta obra. Não é bem meu estilo literário e apesar de curtir alguns temas mórbidos, achei a premissa desse livro mórbida demais. Por este motivo deixo a dica passar.
    Adoro as edições da Darkside, se eu pudesse teria todas na estante *----*

    Beijos,
    entreoculoselivros.blogspot.com

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  4. Oiee Mari ^^
    Acho que é difícil não ter medo de morrer, até porque, na maioria das vezes (senão em todas) temos medo do que não conhecemos, e, como não sabemos exatamente o que acontece após a morte, é assustador, né?
    Não sei se leria este livro (já tinha visto a capa dele antes, mas não sabia do que tratava), não por ter estômago fraco (acredito que não tenha, pelo menos), mas porque não é o tipo de livro que eu estou querendo ler. Estou fugindo de coisas macabras e mórbidas no momento...haha'
    MilkMilks ♥
    Milkshake de Palavras

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  5. Olá! É bom quando o autor nos trás muitos momentos de reflexão. Melhor ainda quando nós trás algo mais do que estávamos esperando. O livro parece ser interessante, a resenha ficou muito boa. Dica anotada. Beijos'

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  6. Vejo que esse livro trás um ponto diferente do que seria a morte, ou pelo menos como nós como sociedade deveria ou deve lidar com ela. Percebi também que o livro é muito cru e real, realmente não é uma leitura que agrade a todos. Sobre a diagramação a "Dark" realmente faz um ótimo trabalho, não é a primeira vez que vejo comentários belos sobre o trabalho da editora. Enfim, obrigada pela dica.

    Beijos
    Vento Literário / No Facebook / No Twitter

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  7. Que bacana saber que teve toda uma pesquisa para escrever o livro. Achei a trama muito interessante, apesar de meio mórbida, rsrs, e quero muito conferir a leitura. Que horror essa tribo que come os mortos! :O
    A edição da DarkSide está linda né? Adoro os livros deles.
    beijos
    www.apenasumvicio.com

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  8. Darkside <3 <3 <3

    Mas juro que não sabia que esse livro era não-ficção! Vi o booktrailer, mas não fazia ideia da sinopse! huahauha que desligada eu sou!

    O assunto do livro é marcante, um fato que acometerá a todos. É o fim que nos aguarda, sem exceções... E talvez exatamente por isso tanto é temida e transformada em tabu. A morte deve ser analisada e naturalizada, afinal de contas, faz parte de nosso ciclo da vida.

    Interessantissimo! Mesmo não sendo uma ficção, um drama ou suspense, eu quero! Seus elogios a obra só me animaram ainda mais!

    Abraços!
    www.asmeninasqueleemlivros.com

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  9. Que a darkside não economiza para fazer uma boa edição todos sabemos, mas nem todos os livros da editora me atraem, esse, até então, era um deles. Nunca fui muito a fundo na história por não ter interesse no assunto, mas lendo a resenha mudei de opinião. Fica claro pela sua resenha que a autora pesquisou bastante e trouxe um livro excelente para o mercado.

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  10. Oie
    a parte sobre a visão diferente da morte já me atraiu pois gosto de uns assuntos assim e como sempre a edição está linda linda, eu adoro essa capa e tenho escutado falar bem do livro e não é d ehoje

    beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  11. Oi Mari, tudo bem?
    Sabe que desde que eu vi o lançamento desse livro eu tenho vontade de lê-lo? mas não tive oportunidade ainda. Morro de curiosidade para conhecer mais da trama e da autora, acho o assunto curioso, ainda mais se tratando da vida da autora. Gostei muito e espero conhecer mais desse lado da morte pelos olhos dela.

    Beijos

    http://www.oteoremadaleitura.com/

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