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| RESENHA #130 | O QUE HÁ DE ESTRANHO EM MIM, GAYLE FORMAN

09 janeiro 2017

ISBN-10: 8580414806 
Título: O Que Há de Estranho em Mim. 
Autora: Gayle Forman
Ano: 2016
Páginas: 224
Idioma: Português
Editora: Arqueiro
Gênero: Drama, Jovem Adulto Maduro
Nota: 3,5/5
Sinopse: Ao internar a filha numa clínica, o pai de Brit acredita que está ajudando a menina, mas a verdade é que o lugar só lhe faz mal. Aos 16 anos, ela se vê diante de um duvidoso método de terapia, que inclui xingar as outras jovens e dedurar as infrações alheias para ganhar a liberdade. Sem saber em quem confiar e determinada a não cooperar com os conselheiros, Brit se isola. Mas não fica sozinha por muito tempo. Logo outras garotas se unem a ela na resistência àquele modo de vida hostil. V, Bebe, Martha e Cassie se tornam seu oásis em meio ao deserto de opressão. Juntas, as cinco amigas vão em busca de uma forma de desafiar o sistema, mostrar ao mundo que não têm nada de desajustadas e dar fim ao suplício de viver numa instituição que as enlouquece. 
Gayle Forman estreou sua carreira como escritora com O Que Há de Estranho em Mim em 2007, porém só foi trazido para o Brasil recentemente, em 2016. Como foi meu primeiro contato com a escritora resolvi dar uma pesquisada sobre a mesma. Eis que descobri que o livro em questão foi inspirado em um artigo que escreveu para a Revista Seventeen, tornando para mim uma leitura extremamente interessante desde que foi baseado numa realidade vivida por muitos adolescentes. 

A autora nos apresenta um assunto um tanto quanto pesado: reformatórios comportamentais. Algo que não é muito comum no Brasil, porém em outros lugares se fazem presentes. Estes servem para ''colocar nos trilhos'' adolescentes que segundo seus familiares têm comportamentais desvirtuosos e errôneos. Porém, não é assim que geralmente funcionam. Munidos de táticas desumanas e cruéis – sem preparo profissional algum – estes usam de jogos psicológicos e físicos para disciplinar seus alunos. 

Neste conhecemos Brit Hemphill, uma jovem de dezesseis anos, que viu sua vida ser virada de ponta cabeça após sua mãe ser diagnosticada com esquizofrenia e abandonar a família, indo para as ruas. Como se não bastasse, seu pai decide casar-se novamente – com a Monstra, apelido carinhoso dado por Brit, que não gosta nenhum pouco da mesma. E é aí que começa o grande problema: seu pai acredita que a mesma esteja com problemas em aceitar as circunstâncias em que se vê inserida. Suas tatuagens, mechas cor de rosa e banda de rock – que toma grande parte das suas noites - só reforçam a crença de que sua filha está se desvirtuando e precisa de ajuda.

E então surge a Red Rock, que garante reeducar Brit Hemphill. Porém, não é assim que as coisas funcionam. Trata-se de um reformatório comportamental que tem como objetivo tratar adolescentes problemáticos. Mas o que os pais desses adolescentes não sabem é que, na verdade, a Red Rock é extremamente precária e cruel, não tendo embasamento profissional algum. Estas não têm uma alimentação adequada, são impedidas de fazerem amizades, forçadas a realizarem atividades físicas pesadas principalmente durante o calor escaldante e instigadas a denegrirem umas as outras em um procedimento considerado como uma terapia conjunta. Brit reconhece o quão errado é tudo isso e não está nenhum pouco disposta a ceder ao tratamento cruel proposto pela instituição. E é dessa forma que é formada uma aliança entre ela e mais quatro garotas que estão igualmente insatisfeitas com a vida que levam.

Gayle Forman acertou em cheio trazendo uma temática tão forte quanto essa para o seu livro. O Que Há de Errado em Mim me proporcionou inúmeros momentos de reflexão sobre como a sociedade nos impõe constantemente o que é certo e errado, fazendo muitos pagarem caro por tais padrões impostos. É fato que algumas adolescentes da instituição necessitam de tratamento médico, porém muitas apenas são diferentes do que seus familiares esperavam, como por exemplo, homossexuais, consideradas acima do peso, com dificuldade em socializar, tatuadas e integrantes de bandas de rock. Confesso que o que mais me doeu é o fato de ser um problema extremamente real presente na atualidade. Pais que não sabendo lidar com a diferença de seus filhos os punem de diversas maneiras – inclusive os trancafiando em instituições como a do livro. 

Outro aspecto positivo no livro é o romance que a autora conseguiu desenvolver de forma leve em meio ao caos em que Brit se encontra. E também, as reflexões da personagem a cerca da esquizofrenia de sua mãe, um tema pouco abordado em livros e de extrema importância. Porém, como tudo não é flores, também existiram alguns aspectos negativos, algumas falhas que acredito terem passado despercebidas pela autora. Como por exemplo, o fato de uma instituição extremamente abusiva e desumana nunca ter sido denunciada antes, sendo por ex-alunas, ex-funcionários ou até mesmo pelos pais das alunas – que nunca podiam ir até a instituição para as visitar. Ou até o mesmo o fato de em um momento as adolescentes conseguirem perambular pela instituição no meio da madrugada e em outros não conseguirem trocar até mesmo algumas palavras sem estarem sendo rigorosamente vigiadas. Para mim, foi tudo muito oito ou oitenta, a autora não conseguiu encontrar um meio termo, tornando a narrativa mais fictícia e duvidosa do que deveria.

De forma geral, apesar de não ter conseguido me prender completamente a história e as vivências da Brit, o recomendo para quem deseja ler algo repleto de emoções, altos e baixos e com alto teor de reflexão. 

E para quem tem interesse no artigo escrito pela Gayle Forman que inspirou o seu livro deixarei o link – em inglês. Acho válido dar uma conferida! 

LINK DO ARTIGO: http://www.gayleforman.com/uploads/2007/07/disturbing_behavior.pdf
Comentários
26 Comentários

26 comentários :

  1. Olá Mari
    Adorei poder conferir suas impressões a respeito desse livro, especialmente por ser um título que está na minha lista de desejados há um bom tempo. Acho essa capa maravilhosa, e por já conhecer a escrita da autora, sinto que posso curtir bastante a história. A questão da esquizofrenia realmente não é muito abordada, e eu tenho curiosidade sobre isso no enredo, além de todo o desenvolvimento do enredo. Vou conferir o artigo sim, obrigada pelo link!
    Beijos, Fer
    www.segredosemlivros.com

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  2. Oie! Tudo bem? Olha nunca consegui ler nenhum livro dessa autora, até o momento que ela publicou esse, amei cada página, cada personagem e no final quase entrei em desespero por ele ter acabado, ele foi muito bem desenvolvido, citou problemas do nosso dia a dia e aquele clássico também das pessoas não serem aceitas no seus ciclos sociais por fugirem daquele padrão!
    Bjss http://resenhasteen.blogspot.com.br/

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  3. Olá
    Eu ainda não li nada da autora, me julgue, mas tenho grande vontade de ler nem que seja Se eu Ficar kkk. Esse livro tem uma proposta muito interessante mas divergem muitas opiniões, li hoje uma resenha nota cinco e agora uma 3.5 jkk. Enfim, apesar de não ter sido uma leitura 100% me parece ser uma boa pedida pelo alto teor de reflexão citado por você
    Bj

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  4. Esse livro me interessa muito! Já tinha ouvido falar dele e o fato de ele tratar de assuntos psicológicos, me deixa muito curiosa, principalmente porque estou formando nessa área. Gosto de histórias intensas e que trazem algum significado, O que há de estranho em mim é bem o meu tipo de livro.

    Um abraço!
    Parágrafos & Travessões

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  5. Oi Mari, sou muito fã da autora e ao menor sinal de lançamento de livro novo dela, já quero ter e ler. Concordo com os pontos positivos que você ressaltou na resenha. A temática que a Gayle trouxe é original e relevante e sim, o romance foi leve, bonito e isso combinou com a seriedade de outros temas.
    Adorei sua resneha.
    MEU AMOR PELOS LIVROS
    Beijos

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  6. Olá!

    Eu só li um livro da Gayle, mas não gostei, achei muito enrolação. E pelo que vi a história não lhe prendeu muito, acho que ela é muito maçante nas histórias. Até a próxima!

    Abraços

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  7. Oi, gostei da sua resenha. Foi bem honesta. Ainda não tive a oportunidade de ler algo dá autora, mas gostei de saber que ela aborda temas polêmicos e pouco divulgados, mesmo com as falhas que vc mencionou. Vou ficar atenta a alguma promoção para conhecer a escrita da autora.
    Bjs

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  8. Já amei, gosto dessa temática, e apesar de ser uma ficção é algo totalmente real e bem atual, quase comprei o livro, se tivesse lido sua resenha antes não teria pensado duas vezes.

    Bjs, Dri

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  9. Oi oi Mari,
    ainda não li esse livro, mas espero ler em breve (ou ainda este ano). Fico muito feliz que você tenha gostado do livro, é sempre ótimo embarcar em uma trama como essa, que termina deixando um sorriso no rosto da gente. Fiquei muito curiosa para saber mais sobre a obra da autora.

    Beijos, Enjoy Books

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  10. Já li algumas resenhas desse livro e nem sempre são positivas, mas o que me deu curiosidade pra ler mesmo é ser um assunto bem diferente do que estou acostumada, pra aprender um pouco...
    Sua resenha ficou ótima, mas que pena que o livro não te prendeu!

    Virando Amor

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  11. Olá, eu ainda não li nada da autora mas esse é um livro dela que eu gostaria de ler. Achei interessante a ambientação num reformatório comportamental , e também o fato de a obra falar sobre adolescentes que não estão dentro dos padrões da sociedade, mas que são apenas diferentes, e não mereciam ser condenadas a um lugar desses.

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  12. Olá!
    Não sabia que esse era o primeiro livro da autora. Já gumas obras dela e foi uma relação de amor e ódio, por conta disso, tenho vontade de ler esse livro para ver o que vou achar.
    É uma pena que a leitura nao tenha te prendido, mas é uma temática interessante que parece valer a pena ler.
    Beijos

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  13. Li este livro e gostei bastante dele.

    Foi o primeiro livro que li de Gayle Forman (o Eu estive aqui só vi o filme até hoje ) e sinceramente, gostei que tenha sido ele o primeiro. Amei a temática e, como minha formação é psicóloga, pude analisar bem o funcionamento da instituição.

    Gostei dos seus pontos positivos a respeito da leitura, mas admito que me prendi bastante a obra!

    Ótima resenha!

    Abraços!
    www.asmeninasqueleemlivros.com

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  14. Oieee
    Eu acho importante quando autores trazem temas que devemos sempre estar debatendo como é o caso dá esquizofrenia.
    Sou doida para ler esse livro é saber como a autora abordou esse tema.
    Excelente resenha.
    Beijos

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  15. Quando eu li esse livro eu jurava que era apenas um livro de alguma menina que foi abandonada pelo namorado, mas nenhuma resenha me disse que falavam de reformatórios para adolescentes e esse tema por si me interessa. Pretendo ler em breve. Beijos

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  16. Olá! Já li outras resenhas do livro ,mas não sabia que o livro tinha sido inspirado em um artigo que escreveu para a Revista Seventeen, isso é bem interessante. Realmente reformatórios comportamentais não é comum no Brasil mas já vi alguns filmes e série que havia algo parecido. Realmente a trama parece ser bem forte. Acho bom quando um livro nos faz refletir. Que bom que apesar de uma trama forte a autora sobre desenvolver um romance leve. Que pena que o livro não conseguiu te prender completamente. Ainda quero ler. Beijos'

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  17. Oi Mari.
    Eu gosto muito da escrita da Gayle, ela me conquistou completamente em Se eu ficar... Não tive a oportunidade de ler esse livro em questão ainda, mas sabia que era o seu primeiro, entretanto, não sabia que se tratava de um livro baseado em artigo. A temática parece ser um pouco pesada, mas mesmo assim ainda pretendo ler

    beijos
    Livros & Tal

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  18. Olá!

    Eu li Se eu ficar e Para onde ela foi da autora e não foram experiências boas, apesar do segundo ter sido melhor, achei ambos muito fracos. Fico meio desconfiada se ela acertaria na mão pra tratar de um tema tão complicado, mas quem sabe eu não dou uma chance um dia. Adorei a resenha!
    Beijos,

    Luana

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  19. Olá Mari, tudo bem?

    Eu acabei me decepcionando com a Gayle logo em "Se eu ficar". Não sei, mas acho que a escrita dela não é lá tão cativante assim. Aí quando vi que ela continuaria publicando alguns de seus livros pela Arqueiro, até tinha me empolgado. Mas é melhor atirar em alvos já conhecidos do que no escuro, não é mesmo?

    Beijos

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  20. Olá!
    Eu sou louca para ler "Se eu ficar" e esse livro da Gayle, mas muitos estão dizendo não se prender a leitura, uma pena, porque eu achei a ideia da história muito boa, mas ainda sim eu quero ler, bom que não chego com tantas expectativas. Fora que o tema abordado no livro deve trazer uma grande carga emocional, quero ler!
    Beijos,
    Nay
    Traveling Between Pages

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  21. Oie
    que pena que vc não se prendeu tanto, comigo foi diferente, foi uma leitura que amei e se tornou uma das melhores de 2016, adoro o tema e achei bem retratado

    beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  22. Resenha muito bem escrita! Parabéns!
    Infelizmente ainda não li nada de Gayle. Embora tenha bastante curiosidade.
    Bom saber que o livro é bem reflexivo e a história é bem diferente do que temos por aí.
    Diria que foi uma pena a leitura não ter te prendido, mas isso, pelo visto não prejudicou sua leitura, o que é muito bom!

    Ana
    https://literakaos.wordpress.com/

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  23. Oie, tudo bem? O único livro que li da autora foi " Para onde ela foi" e eu super curti. Já vi muitas críticas, em sua maioria positivas, sobre esse livro. Esse tema de padrões impostos pela sociedade sempre me interessa, acho que embora eu fosse ter muita raiva durante a leitura, eu acabaria gostando de fazê-la porque acho importante que algumas questões sejam levantadas a ponto de fazer os leitores refletirem. Bjossss

    http://porredelivros.blogspot.com

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  24. Oie!!!
    Somente li 2 livros da autora e tenho notado que ela é uma das apostas do momento.
    Li ua resenha e gostei da sua argumentação e dos pontos positivos levantdos, mas sendo sincera a sinopse deste livro não tinha chamado mimha atenção, então não devo fazer essa leitura.
    Valeu pela dica!
    Mil Bjinhos ;)
    Elaine M. Escovedo
    Caminhando Entre Livros
    Http://www.caminhandoentrelivros.com.br

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  25. oie, que pena que a autora errou nesses quesito, deixando o livro um pouco irreal, eu particularmente acho o tema bem interessante e adorei saber que foi baseado num artigo real, certamente deixa o livro ainda mais interessante mesmo.

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  26. Oi Mari, tudo bem?
    Já tinha visto muito essa capa. mas nunca tinha lido sobre.
    Esse tipo de reformatório realmente é novidade para mim, pois como você mesmo disse, eles não são comuns no Brasil. Para um livro que aparenta ser tão bom, demorou a chegar por aqui,

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