Posts Recentes

As Alegrias da Maternidade, de Buchi Emecheta

12 junho 2018


As alegrias da maternidade da autora Buchi Emecheta, foi um livro que chegou até mim através da TAG Experiências Literárias em 2017. Com a Curadoria de Chimamanda Ngozi Adichie, autora de Hibisco roxo e Meio sol amarelo, o livro traz uma abordagem sobre a maternidade em uma Nigéria Colonia no século XX.

Nnu Ego, filha de um grande líder africano, é enviada como esposa para um homem na capital da Nigéria. Determinada a realizar o sonho de ser mãe e, assim, tornar-se uma "mulher completa", submete-se a condições de vida precárias e enfrenta praticamente sozinha a tarefa de educar e sustentar os filhos. Entre a lavoura e a cidade, entre as tradições dos igbos e a influência dos colonizadores, ela luta pela integridade da família e pela manutenção dos valores de seu povo.

Ficha Técnica:
Título: As Alegrias da Maternidade | Autora: Buchi Emecheta | Ano: 2017 | Páginas: 320 | Idioma: português | Editora: Dublinense
Livro exclusivo da TAG


É sempre bom quando temos a oportunidade de ler livros que nos ensinam, livros que nos transportam para uma outra época, um outro lugar, com pensamentos diferentes e tantas outras coisas que não estamos acostumados. As alegrias da maternidade pode enganar pelo título, se passando por um auto ajuda sobre maternidade, mas não se engane, esse livro vai muito além de qualquer reforço sobre o assunto. É um livro que fala de mães, de criação, de vida, em um sentido muito único e sensível.

Eu não conhecia o trabalho de Buchi Emecheta, mas fiquei completamente viciada em sua forma de escrita e de como ela conduziu essa história tão importante e cheia de sensibilidade. Infelizmente, ainda não damos o valor devido à cultura africana e seus autores, mas esse é um livro que merece ser mais reconhecido por ser tão grandioso em sua simplicidade.

“Não era justo, ela achava, o modo como os espertos dos homens usavam o sentido de responsabilidade de uma mulher para escravizá-la na prática.” (p.190)

O livro aborda  transições, de como as culturas vão sendo modificadas ao longo do tempo, junto com a globalização, ainda mais que a história se passa em uma Nigéria Colonia no século XX. A autora mostra muito sobre a opressão sofrida pelos povos colonizados e de como tudo isso atinge as pessoas, suas famílias e de como era o papel da mulher naquela época, aquele pensamento em que uma mulher precisa exclusivamente viver para cuidar da família, ser mãe e esposa. 

Nnu é a personagem principal, toda história gira em torno de sua jornada. É indiscutível a força que essa mulher teve durante toda sua trajetória. A autora conseguiu guiar o leitor através de uma narrativa simples, mas muito poderosa, abordando inúmeros temas e ressaltando que ser mãe não é uma obrigação feminina e trazendo o que ela conhecia sobre ser mulher e ser mãe naquela época (o que gera um interessante conflito de gerações ao ler esse livro em 2018). 
As Alegrias da Maternidade é um livro para mulheres, feito por uma mulher, mas pode ser lido por homens também, mesmo eu achando que um homem não se identificaria tanto com a história. Acredito que a autora quis mostrar muito sobre sua vivência, e muito do que possui no livro, é fruto de uma realidade que às vezes a gente não tem noção de que existiu e ainda existe, o que deixa a obra muito mais única. Ela traz a reflexão sobre como o patriarcado acaba com as mulheres, de como a opressão, a violência vêm quando uma mulher não se subordina ao homem, ainda mais quando a mulher é negra e, além do marido, sofre a opressão do homem branco colonizador. 

A edição da TAG está simplesmente sensacional. A diagramação está ótima, as folhas são grossas e as letras estão em um espaçamento e tamanho bons para leitura, além de terem a cor verde, combinando com toda a edição. Além disso, existe no final do livro um glossário com os símbolos utilizados pelo povo nigeriano para determinar algumas palavras (como na foto acima), o que enriqueceu totalmente a obra.

Em Suma, As Alegrias da Maternidade é um livro forte, sensível e muito necessário. Apesar de parecer um livro denso, e é de fato pelo seu tema, ele tem uma escrita muito fluída e uma narrativa muito boa para qualquer leitor. Portanto, se você busca uma obra que aborde um tema importante como família, opressão, racismo, objetificação da mulher, patriarcado, machismo e tantas outras questões, esse definitivamente é um livro para você. Espero que aprecie a leitura o tanto quanto eu, porque esse definitivamente foi um dos melhores livros do ano.

Comentários
15 Comentários

15 comentários :

  1. Oi Ane, tudo bem? Não conhecia o livro e até achei no começo da sua resenha que não seria um tipo de livro que leria, mas agora já penso o contrário rsrsrs Parece uma obra muito boa para nós mulheres e tb para os homens e tem bons temas discutidos! Parece interessante.

    Bjs, Mi

    O que tem na nossa estante

    ResponderExcluir
  2. Nossa, eu achei que este livro era uma coisa e quando li a sua resenha é outra coisa. Me interessei muito pela leitura, porque é uma leitura que parece realmente fazer diferença pela questão de cultura e conhecimento. Se não fosse pela resenha te digo que não sei se analisaria.

    ResponderExcluir
  3. Oi Anne!
    Tudo bem? Faz algum tempo que eu vi esse livro por aí e sempre que ele aparecia Eu torci o nariz por conta do título, mas então eu vi alguém falando que a história não é exatamente o que se espera ao ler o título é sua resenha só reafirmou isso.

    Os temas abordados pelo livro são realmente muito pesados e concordo que não há como uma obra ser considerada leve se fala de machismo, opressão e racismo, mas é bom saber que a escrita é fluida.

    Beijinhos
    www.paraisoliterario.com

    ResponderExcluir
  4. Eu amo Chimamanda então leria até a lista de compras se fosse indicação dela ahahaha nao conhecia essa obra mas se Chimamanda amou, quem sou eu pra contestar, ne? Dica anotada, fico feliz que a TAG tenha dado espaço para uma literatura tao rica.

    ResponderExcluir
  5. Não conhecia o livro, mas concordo com você em relação do quão bom é ler livros que nos ensinam e saber que o livro contém uma história importante e sensível me anima muito, ainda mais sabendo que é retratada a vivência da autora. Uma leitura necessária que eu anoto como dica, quero ler.

    Abraços.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  6. Oi, Anelise!
    Pelo título realmente parecia ser um auto-ajuda ou no mínimo ensaios e crônicos sobre o tema e derivados, mas bom saber que estava enganada. Eu ainda não tive a chance de ler nenhum autor nigeriano ou africano, mas bom saber de mais essa indicação além dos da Chimamanda, dentre outros poucos autores também que tomei conhecimento. Pelo o que você falou, o livro vai mesmo além do tema de maternidade, e é incrível como por trás de um titulo aparentemente clichê, há uma história tão rica em abordagens atuais e importantes, e mais ainda com uma protagonista forte que é o que definitivamente precisamos ver com mais frequência na literatura. Valeu muito a dica!
    Beijos!

    ♥ Sâmmy ♥
    ♥ Sonhando aos Vinte ♥

    ResponderExcluir
  7. Oi, Anelise.
    Gostei bastante da sua resenha e ficou bem claro para mim o que esperar desse livro.
    Infelizmente não é algo que me atrai. Esse não é o tipo de livro que me cativa e nem que desperta a minha atenção! Acabo ficando muito incomodada e acabo não sentindo prazer em ler!
    Uma pena!
    beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

    ResponderExcluir
  8. Oi, tudo bom?
    Eu não conhecia o livro e nem a autora, foi maravilhoso ler sua resenha e saber um pouco sobre essa obra que parece ser tão necessária para as pessoas. Amo livros assim que trazem esse tipo de tema. Como você mesmo falou, quando eu li o título do livro achei que era um livro de auto-ajuda sobre maternidade, mas fiquei encantada em saber que não é. E adorei que a curadoria desse livro na TAG foi da Chimamanda.A dica está devidamente anotada e assim que puder irei adquirir um exemplar para mim.

    Beijos!
    https://www.manuscritoliterario.com.br

    ResponderExcluir
  9. Olá, tudo bom?
    Quero muito esse livro desde o lançamento da TAG, mas não sei se ainda consigo comprar. Você saberia me dizer?
    Gosto muito de leituras que abordam outras culturas e como você mesma disse, muitas vezes não apreciamos ou valorizamos a cultura africana tão rica e que nos presenteia com obras como essa.
    Além da sua indicação e de Chimamanda (que é uma autora que adoro), me animei muito de ler por essa temática de maternidade e por tratar do patriarcado, da objetificação da mulher, da opressão e do racismo.
    Espero poder ler em breve!
    Beijos!

    ResponderExcluir
  10. Olá!
    Quando comecei a ler sua resenha, tive a impressão que esse livro era forte e fiquei muito tocada por saber que estava certa. Eu adoro esse tipo de obra feito por mulheres para mulheres, mas que pode ser lido por homens.
    É uma trama que perece nos encantar em todos os sentidos e sua resenha está encantadora em todos os sentidos.
    Vou anotar a dica, sem dúvidas.
    Beijos

    ResponderExcluir
  11. Olá!
    Adorei conhecer sua experiência com essa leitura e mesmo não sendo o tipo de livro que de cara me atrai, gostei bastante do tema, tanto que fiquei com vontade de ler. Gosto de aprender com os enredos e a diversidade cultural dos países.
    Beijos!

    Camila de Moraes

    ResponderExcluir
  12. Olá! Tudo bom?

    Ainda não tinha ouvido falar sobre esse livro e de fato me enganou, realmente pensava que era um auto ajuda sobre maternidade haha. Os temas que aborda na história são bem importantes e apesar de não ter o hábito de ler coisas do estilo, eu fiquei curiosa sobre. Fico feliz que tem uma narrativa fluida, isso me deixa decidida a lê-lo! Anotei aqui a dica, amei a resenha ♥

    Beijos

    ResponderExcluir
  13. Vejo que o livro trás temas importantes que pode até ser de difícil deglutição mas que são totalmente necessários. Vejo que você gostou e a narrativa é bem fluida. Gosto disso é por isso espero um dia ter a oportunidade de ler.

    Beijos
    http://ventoliterario.blogspot.com

    ResponderExcluir
  14. Oi, tudo bem?
    Sou louca para experimentar a tag, quando vi o anúncio que a curadoria era da Chinanaga, meu coração ficou apertado de perder. Enfim, não conhecia o livro, estou encantada com a diagramação e me interessei bastante pela leitura. Espero em breve conhecer a narrativa de As Alegrias da Maternidade, um tema muito importante de ser abordado. Beijos

    ResponderExcluir
  15. Olá
    Como o livro é exclusivo da tag e eu não a assino, vou ver se o consigo, por milagre, numa troca no Skoob. Eu preciso desse livro. Adoro histórias que falem sobre uma maternidade real e não aquela romantizada que nos foi dita como verdade por toda a vida.

    Vidas em Preto e Branco

    ResponderExcluir